17 de junho de 2008

Educação sem fronteiras


Aluna da EJA de 83 anos mostra que nunca é tarde para buscar o conhecimento e diz que quando surgiu a oportunidade de estudar ela não pensou duas vezes

Em São Gonçalo do Rio Abaixo, desde 2005, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma opção para quem não teve acesso ao ensino em idade regular ou que não o concluiu. O número de alunos na sede do município dobrou em relação ao ano de 2007. Ao todo foram realizadas 471 matrículas contra 227 em no ano passado. As aulas são realizadas na Escola de Tempo Integral, em horário noturno, para turmas de 1ª a 4ª séries, 5ª a 8ª e ensino médio.
Ao todo o EJA conta com 562 alunos, 91 deles distribuídos em turmas de 1ª a 4ª séries nas comunidades de Santa Rita de Pacas, Fernandes, Jurubeba, Vargem Alegre, Una e São José, para jovens e adultos com idade a partir de 15 anos.
Para Maria Martinha Freitas Santos, a Dona Nazinha, hoje com 83 anos, o conhecimento é bom para todos. “Nos meus tempos de criança as coisas eram muito difíceis, pois morava na comunidade de Fernandes, que é longe e não tinha estrada. Quando apareceu esta oportunidade de estudar eu não pensei duas vezes. Algumas vezes criticam, nós idosos, por estarmos estudando, mas o conhecimento é bom para todos, tanto os mais jovens quanto para os mais velhos”, destacou.
De acordo com ela, tantos os alunos mais novos e mais velhos são tratados com dignidade e ressaltou a união dos colegas. “Estou gostando demais da escola, os professores ensinam direitinho e dão muita atenção. Os alunos são muito unidos, amigos, a merenda é boa, tudo é muito especial, somos tratados com dignidade e muito respeito”, afirmou a estudante de 83 anos.
Através de iniciativas que garantam o acesso e a permanência dos alunos da EJA na escola, a Prefeitura oferece transporte e material escolar, merenda de qualidade e professor com perfil para as turmas.
Além de uma oportunidade para os idosos adquirirem mais conhecimento, a EJA é uma condicionante para os jovens permanecerem no mercado de trabalho, isso porque existe a exigência das empresas que empregam mão de obra do município. Em várias delas, os funcionários têm seu emprego condicionado à escolaridade (ensino médio), o que incentiva essas pessoas a correrem em busca de maiores oportunidades e sustentação no mercado de trabalho.
Este é o caso de Ana Aparecida Lima, 19, que cursa a 7ª série e havia parado de estudar há seis anos. “Senti a necessidade de vir para a EJA, onde fazemos duas séries em um ano. Vim ver a escola e vi que era de futuro. A educação em São Gonçalo é boa, todos têm oportunidade. As pessoas sem formação não têm condições de permanecer no emprego ou ser promovido na vida profissional”, comenta.
O que motivou Nilson Ribeiro de Oliveira, 45, morador da comunidade do Bamba, que cursa a 5ª série, a voltar aos estudos, foi a vontade de fazer o curso profissionalizante de mestre de obras. “Em todas as situações estudar é primordial. Sem conhecimento técnico a pessoa não serve para o mercado. É difícil encontrar uma cidade no interior voltada para a educação como São Gonçalo”, afirmou.

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