23 de setembro de 2006

M0MENTO DO AGRICULTOR

Praga do Carrapato-do-boi ganha vacina 100% nacional
Combate à doença movimenta US$15 milhões anualmente no Brasil. Responsável por prejuízos diretos e indiretos que chegam a US$ 1 bilhão por ano no Brasil - segundo estimativas do Ministério da Agricultura -, a praga do carrapato-do-boi pode começar, muito em breve, a ser combatida por uma solução 100% nacional.
Descoberta por uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, liderada pelo médico-veterinário Joaquín Hernan Patarroyo Salcedo, a vacina sintética contra o carrapato-do-boi da espécie Boophilus microplus está na reta final para a produção. A patente foi depositada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em maio de 2000 e, um ano depois, em nível internacional. Em novembro de 2001 deu-se início ao processo de especificação de países, contemplando Estados Unidos, Austrália, México, Cuba, Argentina, Paraguai e Uruguai. "Em agosto será publicada a oferta pública para licenciamento e comercialização da vacina. A partir daí, esperamos começar a produção", afirma o pesquisador.
Colombiano naturalizado brasileiro, Salcedo - que também é professor titular do departamento veterinário da UFV - vem trabalhando, nos últimos cinco anos, para encontrar uma alternativa aos carrapaticidas - inseticidas para banhar o gado - produzidos por multinacionais ou importados e às vacinas orgânicas australianas e cubanas. "Não temos nada totalmente nacional. Boa parte desses produtos até são sintetizados aqui no Brasil mas, tanto neste caso quanto no da importação, arcamos com o pagamento de royalties, já que estamos utilizando uma tecnologia estrangeira", diz, contando que o mercado brasileiro movimenta, anualmente, US$ 15 milhões em venda de produtos para o controle da praga.
De acordo com o professor, o carrapato transmite doenças fatais ao gado, como a piroplasmose e a anaplasmose, estraga o couro e impede o ganho de peso dos animais, já que alimenta-se do sangue. "Além disso, um estudo australiano feito em 1998 revelou que um carrapato adulto diminui em até nove mililitros por dia a produção de leite de cada fêmea infectada", conta.

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