20 de outubro de 2010

Vale assina protocolo de intenções com UFV para pesquisas na área de agronomia em Omã

A Vale e a Universidade Federal de Viçosa (UFV) assinam, no próximo dia 20 (quarta-feira), protocolo de intenções para desenvolver projetos de agronomia em Omã. A ação vai permitir a parceria entre a UFV, a Sultan Qaboos University (SQU) e o Ministério de Agricultura daquele país, para combater pragas na produção de manga, limão e tâmara, que são importantes produtos na pauta de exportação omani. Para viabilizar a parceria, que prevê pesquisas na área durante os próximos quatro anos, a Vale vai investir cerca de R$ 10 milhões, por meio do Instituto Tecnológico Vale (ITV).

A UFV foi escolhida pela Vale por ser referência mundial na pesquisa agrícola. Em Omã, a empresa está investindo US$ 1,35 bilhão na construção de uma usina de pelotização, com capacidade nominal de 9 milhões de ton/ano, e de um complexo portuário, que vai operar com navios Valemax, de 400 mil toneladas de porte bruto.

"Este convênio aproxima pesquisadores brasileiros de um país que tem pouca relação conosco, contribuindo com a internacionalização da ciência brasileira. Ao mesmo tempo, a Vale passa ser considerado um parceiro privilegiado, pois é vista por eles como uma empresa que investe no crescimento do país, incentivando pesquisas em ciência e tecnologia para resolver problemas graves que afetam parte da economia omani", afirma Luiz Mello, diretor do ITV.

O protocolo que será assinado é resultado de uma visita de cinco especialistas da UFV, em maio deste ano, a Omã. Na época, os pesquisadores estiveram em plantações de limão e manga da região de Batinah, onde coletaram amostras de espécies infectadas. Agora, uma comissão de pesquisadores da SQU e do Ministério da Agricultura de Omã chega, no próximo dia 17, ao Brasil, para visitar uma fazenda experimental especializada em pesquisas na área de fruticultura, no município de Mocambinho, a cerca de 650 quilômetros de Belo Horizonte. Após a visita, os pesquisadores seguem para Viçosa, onde participam, no dia 20, da cerimônia de assinatura do protocolo de intenções. O grupo volta para Omã no dia seguinte.

Os estudos que serão realizados nos próximos quatro anos vão investigar áreas pouco exploradas da pesquisa agrícola, tornando-se de extrema importância para o crescimento científico nesta área. Para o diretor da Vale em Omã, Sérgio Leite, a parceria entre pesquisadores omanis e mineiros, proporcionada pela Vale, representa o compromisso da empresa com o crescimento econômico, social e ambiental daquele país em bases sustentáveis.

"Com seu histórico comprovado de excelência acadêmica, UFV provou ser o corpo perfeito para a realização desta pesquisa. Acreditamos que estes especialistas, com o apoio de professores da Sultan Qaboos University (SQU) poderão resolver este problema, possibilitando à indústria agrícola do sultanato crescer organicamente", afirma Sérgio Leite.

Segundo o reitor da UFV, Luiz Claudio Costa, o convênio vai permitir colocar à disposição dos pesquisadores omanis toda a infraestrutura da universidade, bem como o know how desenvolvido ao longo de décadas nas áreas de ciências agrárias, biológicas e exatas. "Para a UFV, essa cooperação corresponde a um novo marco de suas ações internacionais, uma vez que se trata de uma cooperação em nível institucional tendo como parceira a Vale, uma das mais importantes empresas do ramo de mineração do mundo", ressalta Costa.

Projetos

A parceria entre UFV, a SQU e o Ministério da Agricultura de Omã prevê a realização de três projetos para combater pragas em plantações de manga, limão e tâmara de Omã. Nas plantações de manga do sultanato, os estudos vão se concentrar na doença causada pelo fungo C. Fimbriata, que seca as mangueiras. Inicialmente, será feita uma análise comparativa entre exemplares de árvores contaminadas em Omã, Paquistão e Brasil, onde também há registros da doença. Depois, os pesquisadores vão selecionar variedades de mangueiras imunes ao fungo, para estudar a base de resistência de cada uma delas. Por fim, farão a seleção das melhores espécies para iniciar um programa de melhoramento. O objetivo é buscar a melhor alternativa de controle da doença.

Nas plantações de limão, o problema é a infecção por vassoura-de-bruxa, uma das principais causas que levou Omã a deixar de ser um exportador para ser importador do produto. A doença foi detectada pela primeira vez em 1975 e hoje se estima que 98% das plantas de limão galego estão infectadas. O projeto vai estudar as melhores estratégias para controlar a doença.

O terceiro projeto consiste em melhorar o manejo da cigarrinha da tamareira (Ommatissus binotatus lybicus). A cigarrinha representa sério problema em tamareiras do Oriente Médio, de forma geral, e no sultanato, em particular. Os insetos sugam a seiva das plantas e secretam fezes adocicadas, que servem de alimento para o fungo fumagina, de coloração negra e que compromete a capacidade fotossintética das plantas.

Os sistemas de cultivo tradicionais da região de Sohar se mostram pesadamente infestados, refletindo em descoloração das folhas das tamareiras e queda de produção. Prevalecem dois surtos de ocorrência da praga ao ano na região - um entre fevereiro e abril e outro, um pouco menor, entre setembro e novembro.

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