Regina Célia Gonçalves
Outro dia me peguei tentando colher estrelas... Num céu nublado de chuva
e noite meu olhar se esgueira entre uma nuvem e outra e percebe um cintilar
tímido e distante... Mais à frente outro, mais outro brilho esmaecido. Já perdi
a conta das noites em que não via estrelas...
De repente as poucas estrelas que piscavam sonolentas adquiriram novo
brilho sem que eu entendesse o motivo, mas algo também havia se modificado em
mim!
A alma mais leve e um leve sorriso nos lábios... Algumas mensagens
confusas na cabeça e a poesia latente das noites nos ouvidos.
Algo sobre o amor e sobre o olhar...
Com invejável nitidez descubro segredos que afligem políticos, que
enrubescem as virgens e que escandalizam a inocência das crianças. Não posso
revelá-los, mas garanto que existem.
As nuvens que agasalham o firmamento se dissipam e espantosamente um
burburinho alegre e musical preenche o espaço no vão escuro além da serra.
Contaram-me estrelas de magnitude absoluta 1 (já chamadas de primeira
grandeza) que os olhos só podem enxergar por meio do empréstimo de luz das
estrelas. A essa luz convencionou-se chamar de Amor... Dessa forma, temos
estrelas nos olhos! Mas a isso não foi
pedido segredo. Por isso eu conto!
“Ora ( direis)!Ouvir
estrelas?Certo perdeste o senso!” Bilac respondera a essa inquietude:
"Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e
de entender estrelas."
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