1 de agosto de 2009

Monlevade está preparada para tratar os pacientes da nova gripe

Foto: Glaucio Santos/Acom/PMJM


João Monlevade está preparada e atenta às recomendações do Ministério da Saúde para o tratamento de pacientes com a Nova Gripe causada pelo vírus H1N1. Quem garante essa estrutura de atendimento no município é a Coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Vigilância em Saúde (Visa), Carla dos Santos Taveira, 29. Ela participa do Comitê Municipal de Enfrentamento da Nova Gripe, criado por determinação do prefeito Gustavo Prandini, juntamente com integrantes de diversos profissionais, entre eles os da rede municipal e do Hospital Margarida. Leia na entrevista outras informações sobre a Nova Gripe.



“A GRS possui o medicamento e o repasse ao município será realizado sob controle rigoroso.”



“(...) a Nova Gripe mata tanto quanto a Influenza Sazonal.”



Entrevistada: Carla dos Santos Taveira (fotos em anexo)

Idade: 29 anos

Cargo: Coordenadora de Vigilância Epidemiológica da Vigilância em Saúde (Visa) da Prefeitura de João Monlevade



Repórter: Quantos casos suspeitos existem em Monlevade?

Carla Taveira: Até o dia 28 de julho foram notificados 4 casos suspeitos: 3 homens (48, 22, 23 anos) e 1 mulher (55).



Repórter: O município está preparado para tratar os pacientes com a Nova Gripe?

CT: Sim. O tratamento da Nova Gripe é semelhante ao tratamento da Influenza Sazonal (Gripe Comum). Ele consiste na administração de medicação de suporte para controlar os sintomas gripais (febre, tosse e dores) e no monitoramento diário do paciente, visando à detecção precoce das complicações.



Repórter: Os profissionais de saúde foram treinados?

CT: Os membros do Comitê Municipal de Enfrentamento da Nova Gripe são responsáveis por repassar as informações do Protocolo de Manejo de Casos de Influenza do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde para os profissionais. Houve capacitação na Gerência Regional de Saúde (GRS - Itabira), para duas enfermeiras e uma farmacêutica no que se refere a coleta de material para exame diagnóstico. Na seqüência foram realizadas reuniões com gerentes dos postos e parte dos responsáveis técnicos sobre as condutas com relação aos casos suspeitos. Agora, estamos em fase de preparação das reuniões com os médicos da Estratégia de Saúde da Família e com os médicos da rede privada.



Repórter: Por que o Tamiflu, usado no tratamento, só está disponível em Itabira?

CT: A distribuição do medicamento Tamiflu (Oseltamivir) é feita pelo Ministério da Saúde e não será entregue, nesse momento, aos municípios. Essa medida objetiva controlar o uso indiscriminado do medicamento, uma vez que já foram relatados casos de resistência viral ao mesmo. A GRS possui o medicamento e o repasse ao município será realizado sob controle rigoroso. O medicamento só pode ser administrado até 48 horas do início dos sintomas, em casos graves da doença ou em pacientes idosos, gestantes e menores de 2 anos ou com fatores de risco para complicações. Esses fatores são doenças pré-existentes (diabetes mellitus, pneumopatia, doença renal, cardiopatia, hemoglobinopatia, imunossupressão, obesidade 3 e doença auto-imune) e uso de medicamentos imunossupressores para que o corpo não rejeite, por exemplo, um novo órgão.



Repórter: O fato de o antiviral estar disponível em Itabira não dificulta o tratamento do paciente?

CT: Itabira não é uma cidade distante. Além disso, a GRS possui plantão nos fins de semana para que o acesso ao medicamento ou mesmo a outras medidas de encaminhamentos de casos graves seja garantido.



Repórter: Caso Monlevade necessite de uma grande quantidade de medicamentos, a GRS teria condições de atender?

CT: A epidemiologia da Influenza A aponta um grande número de casos com sintomatologia leve, nos quais o uso do Tamiflu não é recomendado. Apesar disso, o Ministério da Saúde já iniciou a distribuição de mais 50 mil kits de tratamento. Os estados da região Sul do país e, em seguida, a região sudeste são prioridade. A informação repassada pela GRS é de que a demanda por medicamentos será atendida, desde que ela esteja de acordo com os critérios de gravidade e risco anteriormente mencionados.



Repórter: Quais são os principais sintomas?

CT: Os sintomas da doença são febre (superior a 38° C), tosse e dor de garganta. Eles podem estar associados a sintomas gastrointestinais (diarréia e vômito), dor muscular, dor articular, coriza e cefaléia.



Repórter: Eles são semelhantes à gripe comum?

CT: Os sintomas são semelhantes a da gripe comum. Não é possível diferenciar clinicamente a Nova Gripe da gripe comum. Além disso, nesse momento, a diferenciação não é importante. O paciente deve ser bem assistido e monitorado para que não advenham complicações.



Repórter: O tratamento é o mesmo para as duas gripes?

CT: O tratamento é o mesmo. Consiste na administração de medicamentos para controlar os sintomas. É importante que se faça uma boa alimentação e hidratação.



Repórter: Quem deve usar máscara?

CT: Os casos suspeitos devem usar máscara no período de transmissão da doença, que é de 7 dias após o início dos sintomas em adultos e de 14 dias em crianças.

Também deve usar máscara o profissional de saúde que atende caso suspeito, sempre que o mesmo atuar a uma distância inferior a um metro do paciente.



Repórter: É o vírus H1N1 que causa a morte do paciente ou algum fator complicador?

CT: Os óbitos ocorrem em função das complicações pulmonares como pneumonias, edemas, insuficiência respiratória e outros. O vírus da Influenza A pode ser a causa primária dessas complicações assim como outros agentes infecciosos oportunistas.



Repórter:Existem grupos de risco?

CT: Os grupos de risco são, em geral, crianças menores de 2 anos, idosos e mulheres grávidas, além de pessoas portadoras de diabetes, doenças pulmonares, cardíacas e renais crônicas. Pacientes que apresentam doenças que debilitam o sistema imune (como AIDS e câncer) ou que fazem uso contínuo de medicamentos imunossupressores (como os transplantados) também fazem parte do grupo de risco.



Repórter: Constatados os principais sintomas, o paciente deve procurar o hospital?

CT: O paciente deve procurar o Posto de Saúde mais próximo para acompanhamento do caso.



Repórter: Muitas pessoas tratam a gripe com automedicação ou com chás caseiros. Quais as orientações da Visa?

CT: A automedicação mata 20.000 pessoas todos os anos no Brasil, segundo a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Abifarma). O uso de medicamentos sem prescrição pode “mascarar” os sintomas da doença, provocar resistência viral ou bacteriana ao medicamento utilizado, além de possibilitar a intoxicação. O período de recuperação de qualquer doença é menor quanto mais cedo se institui a terapia. Os chás muitas vezes amenizam alguns sintomas e produzem a falsa sensação de melhora. E quando o paciente se dá conta de que não está curado e vai procurar o atendimento médico, o quadro clínico já terá se agravado. Em todos os casos, a orientação é procurar atendimento médico.



Repórter: Quais as orientações para quem deseja viajar para as grandes cidades ou deixar o país diante da pandemia de influenza A?

CT: É recomendável que o viajante adote as medidas de higiene para prevenção da gripe e que evite aglomerações em lugares fechados. Caso no retorno da viagem apresente os sintomas da doença é importante que se procure o serviço de saúde e respeite o período de isolamento domiciliar para evitar a disseminação do vírus.



Repórter: Em algumas cidades, o retorno às aulas foi adiado e as igrejas reduziram os cultos para evitar a disseminação do vírus. Quais as orientações da Visa?

CT: Nesse momento não é necessário que as pessoas alterem sua rotina em função da Nova Gripe. Medidas simples são eficazes para reduzir a disseminação do vírus e devem ser adotadas pela população como cobrir a boca e o nariz ao tossir; espirrar com lenços descartáveis; lavar as mãos com água e sabão depois de tossir, espirrar, de usar o banheiro, antes de se alimentar e antes de tocar os olhos, boca e nariz. É importante evitar aglomerações e ambientes fechados; manter abertas as janelas dos ônibus e não compartilhar alimentos e objetos de uso pessoal. Sabe-se que a Nova Gripe mata tanto quanto a Influenza Sazonal. Os óbitos por influenza sazonal não são noticiados pela imprensa, o que dá a falsa idéia de que a Nova Gripe seja mais grave ou mais letal.

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