17 de fevereiro de 2009

Affonso Penna está de volta à Santa Bárbara. Cidade recebeu restos mortais do ex-presidente em solenidade

Foto:Daniela Almeida
Urnas funerárias da família

Affonso Penna está de volta à Santa Bárbara. Os restos mortais do ex-presidente santabarbarense chegaram à cidade na tarde de sexta-feira (13). Vieram também a esposa de Affonso Penna, Maria Guilhermina de Oliveira Penna, e seus três filhos, Álvaro Augusto Moreira Penna, Olga Affonso Penna e Dorah Moreira Penna.
O mausoléu e as cinco urnas funerárias deixaram o cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, e estão sendo instalados nos jardins da Casa Grande, local onde nasceu e viveu o primeiro mineiro a assumir a República do Brasil, eleito pelo voto direto.
A operação que resultou no translado dos restos mortais foi realizada pela Prefeitura de Santa Bárbara e contou com ajuda de diversos parceiros, entre eles, Associação dos Amigos de Santa Bárbara, Fundação Banco do Brasil, AngloGold Ashanti, Instituto dos Advogados de Minas Gerais e família de Affonso Penna.
Para celebrar o momento histórico da chegada, a Prefeitura de Santa Bárbara realizou uma cerimônia com honrarias na Casa de Affonso Penna, local onde em 14 junho deste ano (data em que completam cem anos da morte do ex-chefe da nação) será inaugurado o Memorial Affonso Penna.
Na ocasião, estavam presentes, além de diversas autoridades locais e regionais, vários representantes da família Penna de Santa Bárbara e outros vindos de São Paulo e Rio de Janeiro, entre eles, os bisnetos do presidente, Affonso Augusto Moreira Penna, Maria Sandra Penna Kamnitzer Braz e Patrícia Moreira Penna Ramos.
De uma forma simbólica, o bisneto Affonso Augusto Moreira Penna entregou ao prefeito Toninho Timbira um laudo da Santa Casa do Rio de Janeiro, autorizando a exumação dos corpos e a remoção do mausoléu para Santa Bárbara.
Já as bisnetas Maria Sandra e Patrícia leram uma pequena mensagem em homenagem ao bisavô.
De acordo com o prefeito Toninho Timbira, a volta de Affonso Penna é um marco histórico para a cidade. “É de extrema importância para Santa Bárbara receber um cidadão santabarbarense tão ilustre como o ex-presidente Affonso Penna. É uma forma de valorizar o município e também de trazer de volta um filho ao seu berço”, destaca Timbira. “Em cem anos, Minas apenas teve cinco presidentes da República. Com exceção de Juscelino Kubitschek, que está enterrado em Brasília, já que foi seu fundador, apenas Affonso Penna estava enterrado fora da cidade onde nasceu. É o mínimo que poderíamos fazer por ele, trazê-lo de volta à sua verdadeira Casa”, completou o prefeito.
Para o bisneto do presidente, Affonso Augusto Moreira Penna, seu avô tinha uma apreço muito grande por Santa Bárbara. “Cito apenas um exemplo, dentre muitos, do apreço de Affonso Penna à sua terra mineira. Em 15/11/1906, ou seja, no mesmo dia em que foi empossado na Suprema Magistratura da Nação, ele enviou um telegrama à Câmara Municipal de Santa Bárbara, comunicando o evento”, enfatizou.
O mausoléu onde estão depositados os restos mortais de Affonso Penna foi inaugurado em 1912, três anos após a sua morte, e, provavelmente, esculpido na Itália. Ele foi confeccionado em mármore de Carrara por José Maria Oscar Rodolfo Bernardelli, famoso artista mexicano, radicado no Brasil em fins do século XIX. O tumulo é formado por quatro colunas arcádicas. Na cobertura encontra-se um vitral com a bandeira do Brasil. A figura, uma mulher chorando sobre a lápide de três toneladas, representa a República. O estilo do mausoléu é eclético, misturando Néo Clássico com Art Noveau.
Memorial – Localizada no complexo do Centro Histórico de Santa Bárbara, a Casa Grande, como é conhecida, além de ser um exemplar da arquitetura colonial, possui uma grande relevância histórica e simbólica para os santabarbarenses, pois nela nasceu, em 30 de novembro de 1847, o presidente Affonso Augusto Moreira Penna.
A casa mostra-se como uma evolução das típicas residências do período colonial, ainda não sendo encontrada uma data precisa de construção. Através das características de sua tipologia arquitetônica, supõe-se tratar de uma casa do final do séc. XVIII, com características marcantes do início do séc. XIX, como: janelas com vergas em madeira alteadas, porão habitável, janelas em guilhotina e vidro, um número considerável de aberturas, pé direito alto e uma solução mais complicada de telhado em quatro águas.
Por toda essa importância, a Prefeitura de Santa Bárbara deu início em 2007 à restauração do Prédio, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA), estadual, propondo a reconstituição das características de sua tipologia arquitetônica original para abrigar o Memorial Affonso Penna.
A restauração do casarão e a construção do Memorial deverão custar cerca de R$ 1,5 milhão, sendo R$ 1 milhão do Ministério do Turismo e R$ 500 mil através de orçamento da Prefeitura.
O Memorial, conforme apresentado pela Museóloga Inês Coutinho, está sendo idealizado utilizando-se de padrões internacionais, através do resgate dos aspectos biográficos da personalidade. As salas serão tratadas museograficamente por temas que abordam as formas de vida, as características urbanas e arquitetônicas coloniais, a história política de Affonso Penna e a educação que recebeu no Colégio do Caraça, dentro de um contexto histórico e regional.
A proposta impõe um circuito cujos temas irão se sucedendo, de acordo com o conceito elencado. Entrando na casa, gratuitamente o visitante será introduzido a uma fascinante viagem que o transportará ao passado, através da arquitetura de época e da vida resgatada de Affonso Penna.
O acesso principal se dará pelo andar superior, visto que a edificação localiza-se em dois pavimentos. Será evidenciado o contexto regional, o traçado urbano com outras referências coloniais e a questão da arquitetura de época. Detalhes da edificação, característicos do estilo arquitetônico, serão destacados. Isto posto como base, será abordada a parte artística identificada na casa e na malha urbana. É o estilo barroco presente na cidade por intermédio dos mais legítimos representantes da arte mineira, que traduz a época.
Painel - Uma das grandes descobertas neste pavimento, após a sua restauração, e que fará parte deste acervo histórico, é um painel pintado em estilo rococó, com cenas profanas representando alegoricamente os quatro continentes até então conhecidos no século XVIII, sendo África, Europa, Ásia e América.
A pintura, encoberta há mais de cem anos sob o forro da sala principal do antigo casarão de Affonso Penna, contém elementos típicos dos quatro continentes. Na África, destaca-se animais característicos como o leão e o elefante. Na Ásia, a valorização dos aromas, com presença do incenso e ervas. Na Europa, valorização da ciência, das conquistas e o domínio do mundo no período, com destaque para bandeiras, globo terrestre e instrumentos científicos. Já na América, predomina-se a valorização do tropical, com presença de animais silvestres, como arara vermelha e macaco, e coqueiros com frutos.
Já no andar térreo (porão) da casa será abordada a origem do município e os aspectos econômicos, destacando, principalmente, a história da mineração, já que o memorial abrigará a Mostra da Mineração Regional. O objetivo será homenagear os feitos do ex-presidente que, em seu governo, incentivou o desenvolvimento ferroviário e a interligação dos estados através da ferrovia, sem a qual não seria possível o progresso da mineração, fonte de desenvolvimento da região. A área de acervo, também prevista para o mesmo pavimento, cumprirá papel de uma pequena biblioteca pública.

2 comentários:

Anônimo disse...

Este foi o velório mais caro que já vi, e sem a presença de ninguem da comunidade...Porque será?

Anônimo disse...

Devemos respeitar nosso filhos ilustres, mas acredito que todo cidadão de Santa Barbara tem o mesmo valor, gastar 2,5 milhoes para o turista visitar enquanto não temos faculdade,creche,cursos profissionalizantes e mais de 3000 pessoas vivem com bolsa familia e começar de traz pra frente.